Tal como sucede com aves, tenho fotografado surf, bem como outras actividades ditas de aventura, ao longo de anos, sem pretender ser fotógrafo especializado de coisa nenhuma. O que aprendi, contudo, pode servir a outros para melhorarem as suas fotografias, daí que tenha organizado uma actividade de surf… para fotógrafos. Se imaginou que iria pendurar-se no topo de uma prancha de surf com a câmara fotográfica ao pescoço, esqueça. Esta actividade é feita a partir de terra, quando muito com água por meia-canela. Destina-se a todos os que pretendem registar bons momentos da aventura que o surf parece ser, sem os riscos de molhar o equipamento. Ou os pés, regra geral. Uma nota preliminar: as fotografias que ilustram esta nota não são pedaços de fotos onde o que impera é o espaço vazio com um surfista que é um pontinho algures. Por vezes é isso que se pretende, até para demonstrar as dimensões relativas de Homem e Mar, mas nem sempre é isso que registo. Estas fotos, mesmo com algum reenquadramento, representam o que é possível registar a partir de terra, quando as condições são boas… e se entende o que é possível fazer. A foto abaixo mostra o original - 4615x3077 - reduzido para a dimensão da página e em vinheta a imagem 800x533 criada a partir dela. É sobre essa aprendizagem que se debruça a actividade que organizei. Esta iniciação ao surf tem como meta dar aos participantes uma noção de como realizar melhores fotografias de surf, quer para captar os momentos altos de acção quer para construir imagens que reflectem o “bailado” dos surfistas. A actividade realiza-se, sempre que existam condições – começando por praticantes da modalidade – em zonas na região de Lisboa e Mafra/Ericeira. Uma câmara reflex e uma objectiva zoom, mesmo o comum 55-250mm ou 70-300mm que acompanha muitas câmaras, é suficiente para este tipo de fotografia. Não necessita de qualquer outro equipamento, excepto talvez um monopé que é aconselhável em alguns momentos. Mais sobre isso quando estivermos na “aula”, A melhor opção em termos ópticos é algo similar à EF 100-400mm da Canon, que se revela bastante versátil para múltiplos enquadramentos e a cobertura de motivos distantes e mais perto. Numa câmara APS-C esta objectiva oferece uma focal máxima de 640mm a f/5.6, excelente para usar na mão. De acordo com a disponibilidade, é possível, mediante acordo, usar uma objectiva EF 100-400mm para uma sessão de treino. Se tem Canon, esta é uma oportunidade única para experimentar. Esta actividade centra-se nos aspectos técnicos necessários para fotografar surf a partir de terra, e estende-se até aos aspectos criativos, numa demonstração da variedade de imagens que é possível criar, mesmo quando, aparentemente, o palco da acção está sempre diante e distante do fotógrafo. Aspectos de segurança, tanto do equipamento como do fotógrafo, são ainda abordados na actividade. A minha prática de fotografia de surf recua até aos tempos da película, com registos efectuados tanto no litoral da região de Lisboa como no Algarve e Minho, cobrindo surf, bodyboard, wind- e kite-surf. Alguns anos a seguir a modalidade, como mero espectador – ou fotógrafo atento – moldaram o tipo de fotografia de surf que faço actualmente. E como não fotografo surf para revistas, ou qualquer outro uso que não pessoal, a fotografia de surf funciona como um momento de descontração, um estado contemplativo se quisermos, em que sou eu, a câmara, o mar e os alvos móveis e coloridos que saltitam por sobre as ondas. É uma experiência extasiante, ainda mais quando se conseguem fotografias assim. Apesar de considerar o windsurf excitante, o surf é a actividade mais fácil de fotografar e, para mim, a que mais oportunidades oferece, até pelas distâncias da margem a que sucede, na maioria dos casos. De tanto fotografar surf, passei a ser algo selectivo com o que fotografo, pelo que funciono por norma em dois registos: “bailado” e “fim inesperado”. Os “bailados” são efectuados com diferentes velocidades de obturação, para registar picos de acção em que o surfista parece executar um volteio enquanto suspenso no ar ou imprimir no fotograma o movimento rápido da execução. O “fim inesperado” é, contudo, um dos que mais me seduz, pelo que representa. No ”fim inesperado” sigo os surfistas mais prometedores, algo que exige algum tempo a observar o leque de praticantes num determinado local, e acompanho-os em diversas corridas por sobre as ondas. Num ou outro momento um imprevisto acontece e a minha câmara, respondendo à minha solicitação, regista uma ou uma série de fotografias que marcam esse epílogo de uma viagem. As expressões, as posições do corpo, todo o conjunto, oferece fotografias únicas da actividade. Não é necessário “metralhar” a cena, mas simplesmente estar preparado, o que se consegue através da concentração. Os resultados estão à vista, aqui. Se pretende experimentar, saiba mais na página da actividade.
1 Comment
25/2/2016 05:18:19 pm
Gostei muito das imagens. Pode contra comigo para ir fotografar convosco.
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